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Locomotiva dos anos 1950 retorna aos trilhos em nova atração turística

Um novo projeto ferroviário está chamando atenção no interior paulista: a retomada da antiga Estrada de Ferro Minas e Rio, que estava desativada desde 1991. A partir de julho de 2025, o trecho entre Cruzeiro e a Serra da Mantiqueira volta a receber trilhos, vagões e passageiros, com foco no turismo histórico e cultural. A iniciativa busca resgatar um capítulo importante da história ferroviária brasileira e movimentar a economia local com atrações voltadas a moradores, visitantes e entusiastas do setor.

Reativação do trem após três décadas

A ferrovia será reativada com o “Expresso da Mantiqueira”, trem turístico que fará um trajeto de 12 quilômetros (ida e volta) entre a Estação Central de Cruzeiro e a Estação Rufino de Almeida. O projeto é resultado de uma parceria entre a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF), a Prefeitura de Cruzeiro e órgãos como a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

A locomotiva escolhida para puxar o vagão com capacidade para 52 passageiros é um modelo Alco RSD-8, diesel-elétrica, fabricada nos Estados Unidos em 1958. Ela passou por um processo de restauração que durou sete anos e foi concluído em 2024 nas oficinas da própria ABPF em Cruzeiro. A composição percorrerá um trajeto que inclui um túnel e vistas da Serra da Mantiqueira.

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Primeiras viagens e programação especial

As viagens inaugurais estão marcadas para os dias 5 e 6 de julho de 2025. Nessa fase inicial, os bilhetes serão vendidos diretamente na estação central de Cruzeiro, a preços promocionais. A expectativa dos organizadores é que, após esse lançamento, o trem turístico tenha ao menos uma circulação mensal, com possibilidade de aumento em feriados e datas comemorativas.

Durante o mesmo fim de semana de lançamento, ocorrerá o 1º Encontro de Ferromodelismo de Cruzeiro. O evento gratuito reunirá expositores de diversas partes do país, com maquetes, locomotivas em miniatura, cenários temáticos e espaços voltados para colecionadores e famílias. A programação inclui ainda praça de alimentação e lojas especializadas, criando um ambiente que une memória e lazer.

Patrimônio histórico e identidade regional

A linha férrea possui grande valor histórico. Inaugurada originalmente em 1884, teve a presença do imperador Dom Pedro II e foi palco de episódios marcantes da Revolução Constitucionalista de 1932, especialmente na região do Túnel da Mantiqueira, que também está sendo restaurado. Por esse motivo, Cruzeiro é reconhecida como a “Capital da Revolução Constitucionalista” e pretende reforçar esse título com a revitalização ferroviária.

Além da restauração dos trilhos, o projeto prevê a criação de um Museu Ferroviário na Estação Central. O museu será dedicado à memória do transporte sobre trilhos no Brasil, com acervo de documentos, objetos e materiais preservados. Em etapas futuras, a linha poderá ser estendida até a divisa com Minas Gerais, chegando à cidade de Passa Quatro, o que permitiria sua integração com outros serviços de transporte regional, como o Trem Intercidades – Eixo Leste, previsto para ligar São Paulo a São José dos Campos.

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Desenvolvimento para a região

O retorno da ferrovia deve beneficiar cerca de 12 municípios do Vale do Paraíba e Litoral Norte, que juntos somam aproximadamente 470 mil habitantes. O turismo de base cultural e histórica tem potencial para aquecer setores como hotelaria, gastronomia, transporte local e comércio.

De acordo com especialistas da área, o modelo adotado é semelhante ao de outras rotas turísticas de sucesso no Brasil, como o Trem do Vinho, no Rio Grande do Sul, e o Trem da Serra do Mar, no Paraná. Experiências como essas mostram que o turismo ferroviário pode funcionar como instrumento de valorização da cultura local e diversificação econômica, especialmente em regiões que enfrentam estagnação de outros setores produtivos.

Cruzeiro, em especial, aposta nesse diferencial para atrair visitantes durante todo o ano. A cidade conta com patrimônio arquitetônico do século XIX, museus sobre a Revolução de 1932, além de estar localizada próxima a parques naturais da Serra da Mantiqueira. Com a chegada do trem, espera-se que a cidade se torne um ponto de partida para quem deseja explorar o interior paulista com um olhar mais histórico e sustentável.

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Expectativas e próximos passos

A Fase II do projeto prevê a ampliação da linha até Passa Quatro, com a recuperação total do antigo trajeto da Estrada de Ferro Minas e Rio. Para isso, a ABPF depende da liberação de recursos por parte de entidades públicas e do apoio de governos estadual e federal, além da participação de concessionárias como a MRS Logística. A reforma completa do túnel da Mantiqueira e a readequação dos trilhos são partes essenciais dessa próxima etapa.

Enquanto isso, as viagens mensais no trecho inicial e os eventos paralelos, como encontros de modelismo ferroviário, devem manter o interesse do público e garantir a continuidade das atividades.

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Uma nova rota para o turismo histórico brasileiro

Com esse projeto, o Brasil reforça a tendência de recuperar rotas ferroviárias como meio de valorização cultural e estímulo ao turismo interno. A reativação de ferrovias não tem apenas caráter nostálgico. Trata-se de uma alternativa concreta para conectar história, cultura e desenvolvimento, especialmente em áreas com vocação para o turismo.

Essa iniciativa é um exemplo de como o passado pode ser redescoberto e transformado em uma nova experiência de viagem. E, mais do que um passeio, trata-se de uma forma de manter viva a memória de um Brasil sobre trilhos.

Cássia

Desde pequena, sempre fui movida por duas paixões: as palavras e o desejo de conhecer o mundo. Me formei em Letras porque escrever sempre foi minha forma favorita de me expressar. Hoje, no Mundo Igual, tenho a sorte de unir isso ao que mais amo: contar histórias sobre viagens, culturas, notícias, dicas e experiências que nos transformam. Gosto do que é simples e verdadeiro. Prefiro uma caminhada no meio do mato a horas em frente à tela. A natureza me acalma, me inspira, e é dela que muitas das minhas ideias nascem. Não sou muito fã de tecnologia, mas acredito que, quando bem usada, ela pode aproximar pessoas e abrir caminhos. Escrevo como quem conversa. Compartilho lugares, curiosidades e tradições com o coração aberto, sempre tentando mostrar que o mundo é feito de encontros, diferenças e aprendizados. E se, de alguma forma, meus textos tocarem alguém ou despertarem a vontade de explorar algo novo, então já valeu a pena.

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