Maior túnel do mundo.. Foto: Wikipedia.
Com 57,1 quilômetros de extensão, o Túnel de Base de São Gotardo, na Suíça, detém o título de maior túnel ferroviário do mundo. Mas seu tamanho impressionante é apenas uma parte do que faz essa construção chamar a atenção. Trata-se de uma obra de engenharia que modificou a mobilidade no continente europeu, com impactos diretos na logística, no meio ambiente e na integração entre países.
Localizado sob os Alpes Suíços, o túnel liga as cidades de Erstfeld e Bodio. Ao todo, são dois túneis paralelos escavados a mais de dois mil metros de profundidade em certos trechos, o que também o torna o túnel ferroviário mais profundo já construído. A obra foi oficialmente inaugurada em 2016, depois de 17 anos de construção e décadas de planejamento.
A principal motivação para a construção do Túnel de Base de São Gotardo foi facilitar a ligação ferroviária entre o norte e o sul da Europa, especialmente entre a Suíça, a Alemanha e a Itália. Antes da obra, o transporte de carga e de passageiros dependia de rotas sinuosas pelas montanhas, o que tornava o deslocamento mais lento, caro e poluente. A nova rota permite cruzar os Alpes de forma mais direta, com menos inclinações e curvas.
O túnel é parte central da Nova Transversal Ferroviária Alpina (NRFA), um projeto suíço voltado para melhorar a infraestrutura de transporte de longa distância e incentivar o uso do trem em vez dos caminhões nas travessias alpinas. O impacto ambiental da obra é relevante: com a retirada de mais de 210 mil caminhões por ano das rodovias alpinas, as emissões de poluentes diminuem significativamente.
A construção do túnel envolveu escavações em larga escala e desafios geológicos. Mais de 28 milhões de toneladas de rochas foram removidas ao longo dos 17 anos de obras. Em algumas partes, os operários trabalharam a mais de dois quilômetros de profundidade, o que exigiu tecnologias específicas de ventilação, segurança e escavação.
Além dos aspectos técnicos, a obra representou um esforço de cooperação internacional. Empresas e trabalhadores de ao menos 15 países participaram do projeto, que custou aproximadamente 11,5 bilhões de euros, o equivalente a cerca de R$ 46 bilhões. A Suíça financiou a maior parte do investimento, mas o túnel se tornou uma infraestrutura de interesse continental.
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O Túnel de Base de São Gotardo foi projetado para acomodar tanto trens de carga quanto de passageiros. Ele é capaz de receber até 250 trens de carga e 65 trens de passageiros por dia. Os trens de passageiros chegam a atingir 250 km/h, reduzindo consideravelmente o tempo de viagem. Por exemplo, a rota entre Zurique (Suíça) e Milão (Itália) ficou cerca de 45 minutos mais rápida.
A operação é feita com alto grau de automação e segurança. Há sistemas de controle centralizado, sensores de temperatura, detecção de fumaça e equipamentos de evacuação rápida. Tudo isso garante que o fluxo intenso de trens ocorra com o mínimo de riscos.
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Embora o Túnel de Base de São Gotardo seja o mais extenso, outras construções ao redor do mundo também impressionam pelo tamanho e pela importância estratégica. O Japão, por exemplo, foi dono do recorde anterior com o Túnel Seikan, de 53,9 km, que liga as ilhas de Honshu e Hokkaido por baixo do mar. Inaugurado em 1988, ele ainda é considerado um dos mais desafiadores túneis submarinos da história.
Outro exemplo famoso é o Eurotúnel, que atravessa o Canal da Mancha, ligando a França à Inglaterra. Com 50,5 km, ele começou a operar em 1994 e é essencial para o transporte de passageiros, veículos e cargas entre os dois países. Já o Túnel Yulhyeon, na Coreia do Sul, conecta Seul à província de Gyeonggi com 50 km de extensão, contribuindo para a malha de trens de alta velocidade do país.
Na própria Suíça, o Túnel de Lötschberg, com 34,6 km, complementa o de São Gotardo e também integra a NRFA. Na China, o Túnel de Nova Guanjiao, com 32,6 km e situado a mais de 3.000 metros de altitude, é um exemplo da engenharia ferroviária aplicada em regiões montanhosas.
Além dos aspectos técnicos e logísticos, o Túnel de Base de São Gotardo representa uma mudança no modo como as pessoas e mercadorias circulam entre países. Ele reduz a dependência do transporte rodoviário, que é mais poluente, e contribui para a meta europeia de transição para meios de transporte mais sustentáveis. Com isso, a obra também está ligada a questões ambientais e sociais que fazem parte do debate atual em diversas partes do mundo.
Assim, essa obra mostra como a engenharia e o planejamento podem transformar tanto paisagens quanto dinâmicas humanas. Ela revela como decisões técnicas impactam a vida cotidiana de milhões de pessoas, direta ou indiretamente.
Em tempos de aquecimento global, congestionamentos e necessidade de maior integração entre países, estruturas como essa ajudam a construir um futuro com mais eficiência, menor impacto ambiental e maior conexão entre povos, aspectos que estão profundamente ligados aos temas de mobilidade e sustentabilidade.
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