Um novo achado astronômico vem chamando a atenção de especialistas e pode mudar parte da compreensão sobre a estrutura interna da nossa galáxia. Detectado por uma combinação de equipamentos de ponta, um estranho “osso quebrado” foi encontrado em uma das regiões mais movimentadas da Via Láctea: o seu núcleo. O termo, apesar de informal, refere-se a uma falha visível em um dos longos filamentos que percorrem o centro galáctico estruturas que, até pouco tempo atrás, pareciam contínuas e estáveis.
Esse fenômeno foi localizado em uma formação chamada G359.13–0.20, conhecida também como “a Serpente”. Trata-se de um filamento composto por campos magnéticos e partículas altamente energéticas, com extensão de aproximadamente 230 anos-luz. Essas estruturas são apelidadas de “ossos galácticos” por se assemelharem, em larga escala, a costelas que acompanham a espiral da galáxia. Seu papel ainda está sendo investigado, mas acredita-se que ajudam a sustentar e organizar a forma da Via Láctea.
A “quebra” na Serpente foi identificada por três observatórios distintos: o radiotelescópio sul-africano MeerKAT, o Very Large Array, nos Estados Unidos, e o Observatório de Raios X Chandra, da NASA. Essa combinação de tecnologias permitiu captar alterações simultâneas na emissão de energia, na forma do campo magnético e na linha do próprio filamento, indicando que algo interrompeu seu curso natural.
Para tentar entender o que provocou esse distúrbio, cientistas analisaram o tipo de energia emitida e a deformação magnética registrada. A hipótese mais aceita até agora aponta para a passagem de um pulsar, um tipo raro de estrela de nêutrons extremamente densa, que gira em alta velocidade e emite feixes de radiação como um farol espacial. Segundo os cálculos, esse objeto pode ter atravessado o filamento a uma velocidade impressionante, entre 1,6 e 3,2 milhões de quilômetros por hora, colidindo com a estrutura e provocando a ruptura.
Esses pulsares são conhecidos por serem restos de supernovas, o estágio final de estrelas muito maiores que o Sol. Quando explodem, elas colapsam em uma esfera com altíssima densidade, capaz de girar dezenas de vezes por segundo. Caso um corpo como esse tenha realmente cruzado a Serpente, é plausível imaginar que seu campo gravitacional e suas ondas de radiação tenham interferido no delicado equilíbrio da estrutura galáctica.
A deformação observada também deixou rastros energéticos que continuam sendo detectados, o que sugere que os efeitos do impacto ainda não se dissiparam por completo. Isso tem fornecido aos astrônomos uma rara chance de estudar um evento dinâmico em tempo quase real, permitindo mapear as consequências de um encontro extremo no centro da galáxia.
O centro da Via Láctea é uma região conhecida por sua atividade intensa. É ali que se encontra o buraco negro supermassivo chamado Sagitário A*, além de diversos aglomerados estelares e nuvens de gás em constante movimento. Por isso, eventos como esse, apesar de incomuns, não são completamente inesperados. O que surpreende os cientistas, porém, é a clareza com que o dano foi detectado e o que ele pode ensinar sobre as forças que moldam a galáxia.
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Esse tipo de descoberta é importante porque ajuda a compreender como interações entre objetos cósmicos influenciam a formação e a evolução das estruturas espaciais. Ainda que o termo “osso galáctico” possa soar curioso para o público em geral, ele tem servido como metáfora eficaz para representar esses elementos que sustentam a “coluna vertebral” da Via Láctea.
Embora o pulsar envolvido ainda não tenha sido observado diretamente, o que seria extremamente difícil, dado o tamanho e a densidade do centro galáctico, os sinais de sua possível passagem estão orientando novas pesquisas. Há expectativa de que futuros levantamentos com telescópios mais potentes, como o James Webb e o futuro observatório Athena, consigam rastrear mais sinais semelhantes em outras regiões.
Além disso, entender como esses filamentos se rompem ou se deformam pode ajudar a identificar outros padrões que revelem a movimentação de objetos invisíveis ou mal compreendidos, como matéria escura ou campos gravitacionais instáveis.
Para o público leigo, a descoberta mostra, mais uma vez, como o universo ainda guarda mistérios surpreendentes, mesmo dentro da nossa própria galáxia. Embora muitas vezes o foco das notícias científicas esteja voltado para galáxias distantes ou exoplanetas, é no núcleo da Via Láctea que algumas das forças mais intensas do cosmos continuam atuando e sendo desvendadas.
A descoberta do “osso quebrado” na Serpente galáctica pode parecer um detalhe técnico, mas abre caminhos para repensar o comportamento das estruturas cósmicas, os limites da observação humana e as conexões entre elementos invisíveis que mantêm a galáxia em movimento. E, como toda boa ciência, traz mais perguntas do que respostas, incentivando novos olhares sobre o céu e sobre o nosso lugar dentro dele.
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