O mistério do símbolo da medicina: por que usamos uma cobra no bastão?

Você já se perguntou o que realmente significa o símbolo da medicina que consiste em uma vara com uma cobra ao redor?

Segundo a mitologia grega, Asclépio, deus da Saúde e da Medicina, carregava uma vara na qual uma cobra estava enrolada.

O nosso objetivo aqui é que você entenda a importância da representação da vara de Asclépio com a cobra e a diferença em relação ao símbolo de Hermes, que consiste em duas cobras.

Por que a cobra enrolada em um bastão é o símbolo da medicina?

A cobra é um símbolo ancestral com significados diversos em todas as civilizações antigas. Como um animal intimamente ligado à terra, vive no ponto de transição entre o superior e o inferior, o dia e a noite, a vida e a morte.

A troca anual de pele da cobra representa renovação e rejuvenescimento, exatamente o que os doentes buscam. Hoje, é amplamente aceito que a cobra foi originalmente adorada como um deus curador. Mais tarde, Asclépio foi acrescentado como deus da Medicina em forma humana.

Isso é indicado pela interpretação do nome “Asclépio”, que se relaciona à palavra ascalabó (“lagarto”, em latim). Em muitos mitos, Asclépio aparece na forma de uma cobra, por isso elas eram criadas como animais sagrados em todos os santuários dedicados a ele.

A longa vara na qual Asclépio se apoia, ou que segura na mão como um cetro — nada mais é do que o bastão com o qual ele e seus sucessores, os médicos itinerantes, se apoiavam em suas longas e difíceis jornadas. A vara simboliza o apoio e o alívio dos que sofrem, a constante prontidão do médico para amparar e curar. Já o conjunto da vara com a cobra representa o poder salvífico psicossomático de Asclépio.

Demonstra-se, assim, que a vara e a cobra são um símbolo arcaico de vida, ressurreição e salvação na Terra. Hoje, esse conjunto constitui o emblema dos médicos modernos.

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A confusão com o símbolo de Hermes

Em vários países, porém, esse símbolo é confundido com o caduceu do deus Hermes, que muitos reconhecem erroneamente como o símbolo da medicina. Essa confusão ocorre com frequência por causa das cobras enroladas em espiral na vara, que lembram a dupla hélice do DNA.

Em contraste com a vara de Asclépio, o caduceu do deus Hermes consiste em uma fina vara de louro ou oliveira, em torno da qual estão enroladas duas cobras cujas cabeças se encontram frente a frente. Acima das cabeças, no topo da vara, há duas asas.

Em vasos da Grécia antiga, as duas cobras estão no topo e formam um círculo, enquanto suas cabeças criam dois “chifres” acima desse círculo.

As asas geralmente são omitidas. Com a adição de uma cruz na parte inferior do círculo e a remoção do restante da vara, surgiu o símbolo astronômico e astrológico para o planeta Mercúrio.

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O significado do caduceu de Hermes

O mito sobre a origem do caduceu conta que, certa vez, Hermes separou com sua vara duas cobras que lutavam ferozmente entre si. Desde então, a vara com as duas cobras, adornada também com as asas do deus “alado nos pés”, tornou-se símbolo de concórdia e cessação da discórdia.

Na Antiguidade Tardia, o caduceu passou a simbolizar o comércio. Hoje, especialmente na América do Norte, ele é usado como símbolo da medicina, por confusão com o verdadeiro símbolo médico: a vara de Asclépio.

Durante séculos, o símbolo da medicina foi esquecido. Foi no Renascimento, com o retorno da valorização da Antiguidade Clássica, que a vara de Asclépio ressurgiu como símbolo da medicina.

A França foi o primeiro país a adotar a serpente sagrada de Asclépio como emblema médico, em 1798. Depois, outros países seguiram o exemplo.