Nova Zelândia: a tradição pascal polêmica e que envolve lebres

Tradição de páscoa da Nova Zelândia de caça às lebres.
Até mesmo as crianças, segundo relatos, participam da tradição.

Existem muitos costumes de Páscoa curiosos ao redor do mundo, mas um que choca e é, sem dúvida, o mais polêmico, acontece na Nova Zelândia. Nesta Páscoa, os caçadores neozelandeses têm mais um motivo para comemorar: o retorno de uma sangrenta tradição pascal, que envolve o extermínio de milhares de lebres.

Pode soar desumano, mas por trás desse costume sangrento está uma séria ameaça ambiental, com grandes e afiados dentes.

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A tradição de Páscoa da Nova Zelândia de caça às lebres

Tradição de páscoa da Nova Zelândia de caça às lebres.
Há quem diga que há uma razão por trás dessa tradição.

Apesar de não parecer muito cristão, o simpático animal da Páscoa não é uma espécie nativa do país, mas sim introduzida do exterior, tornando-se uma ameaça à biodiversidade e às plantações do país insular.

Assim, todos os anos na Páscoa, centenas de caçadores se reúnem em Alexandra, na região de Central Otago, com o objetivo de reduzir a população local de lebres. Esse costume é conhecido como a “Grande Caçada Pascal à Lebre” (Great Easter Bunny Hunt).

O clube de caçadores Alexandra Lions organiza este evento há mais de 25 anos, com o intuito de arrecadar fundos para projetos comunitários e também como forma de apoio aos agricultores locais, que veem suas colheitas sendo destruídas pelas lebres.

Além disso, os moradores encaram o evento como um acontecimento social, segundo Dave Ramsey, um dos organizadores mais antigos. A caçada inclui 25 equipes, cada uma composta por 12 caçadores, e algumas pessoas atravessam o país inteiro para participar. “É algo que muitos esperam o ano inteiro”, diz Ramsey.

“Eles sempre esperaram a Caçada Pascal. Para alguns, está ligada às celebrações religiosas, e ao mesmo tempo é muito divertida para as crianças — muitas delas participam”, explicou ao The Guardian.

Os números são chocantes: na última edição, foram mortos 11.968 lebres, além de 555 doninhas, gambás, perus e outros animais considerados pragas. Embora Ramsey tenha declarado estar satisfeito com os resultados, reconhece que o número ainda não é suficiente para alcançar os objetivos de controle populacional, pois as lebres continuam sendo extremamente numerosas.

Tudo começou com a introdução das lebres na Nova Zelândia na década de 1800. Hoje, elas se reproduziram em números gigantescos, especialmente na região de Central Otago, tornando-se uma séria ameaça à biodiversidade e à agricultura.

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O conselho de Otago exige que os proprietários de terras controlem a população de lebres, mas Ramsey ressalta que “essa não é uma batalha fácil” e “é um problema que não quer desaparecer”.

Embora alguns considerem a tradição da caçada anual como uma “destruição em massa”, segundo Ramsey, o último protesto contra o evento aconteceu há 15 anos. “É uma praga reconhecida oficialmente e acredito que nossa comunidade apoia totalmente isso. Muitas pessoas têm lebres em suas hortas neste momento”, afirma. Mesmo que a caçada não resolva completamente o problema, pelo menos, segundo ele, “traz o assunto à tona e dá um alívio temporário aos agricultores”.

Embora seja uma tradição com um certo valor cultural, hoje é considerada uma prática institucionalizada por razões ambientais. Apesar de estar ligada a ações beneficentes e seguir regras de segurança, o evento ainda provoca fortes reações por parte de organizações de proteção animal, que o veem como violento e desnecessário. No entanto, muitos continuam defendendo-o como uma medida necessária para proteger o meio ambiente e as plantações, já que as lebres (European brown hares) competem com os herbívoros nativos.

Essa tradição é conhecida como o “Great Easter Bunny Hunt”.

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