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Navio perdido há 140 anos é encontrado e desvenda mistério do século XIX

Um pedaço de porcelana encontrado por um mergulhador britânico ajudou a resolver um mistério que durou quase 140 anos. O objeto, retirado do fundo do Canal da Mancha, levou à identificação de um navio do século XIX: o SS Nantes, naufragado em 1888, e que permanecia desaparecido desde então.

A descoberta foi feita por Dom Robinson, um experiente mergulhador especializado em naufrágios profundos. Durante uma expedição de rotina no outono passado, ele explorava uma estrutura submersa a cerca de 75 metros de profundidade e 48 quilômetros a sudeste de Plymouth, na costa sudoeste da Inglaterra, quando se deparou com um prato quebrado. Inicialmente desanimado por não ter encontrado nada que ajudasse na identificação da embarcação, o selo estampado na louça chamou sua atenção: “Cunard Steamship Company”.

Com essa pista em mãos, Robinson consultou registros históricos disponíveis online e cruzou as informações com características do casco e dimensões da embarcação. Pouco tempo depois, ele e sua equipe conseguiram confirmar que os destroços pertenciam ao SS Nantes, um cargueiro de bandeira britânica que operou por 14 anos antes de afundar em uma noite trágica de novembro de 1888.

A colisão que selou o destino da tripulação

Segundo o historiador marítimo Harry Bennett, da Universidade de Plymouth, o SS Nantes navegava pela costa da Cornualha em condições climáticas difíceis quando colidiu com o veleiro alemão Theodor Ruger. O impacto foi violento e abriu um buraco na lateral do navio britânico.

A tripulação do Nantes tentou conter a entrada de água com o que tinham à disposição, inclusive colchões, numa tentativa desesperada de salvar o navio. Mas o esforço foi em vão. A embarcação afundou rapidamente, deixando 23 mortos e apenas três sobreviventes. A tragédia foi agravada pelo fato de que os botes salva-vidas do Nantes foram danificados no choque, impedindo que a maioria conseguisse escapar.

O Theodor Ruger também afundou, mas sua tripulação teve mais sorte. Com os botes em melhores condições, boa parte dos marinheiros conseguiu se salvar. Entre os sobreviventes estavam dois tripulantes do Nantes que haviam conseguido pular para o outro navio após a colisão.

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Uma cápsula do tempo no fundo do mar

Navio perdido há 140 anos é encontrado e desvenda mistério do século XIX.  Foto: Rick Ayrton.

A localização exata do naufrágio permaneceu desconhecida por quase 140 anos. Agora, com a identificação confirmada por meio de artefatos e da análise da estrutura do navio, os pesquisadores têm a oportunidade de revisitar um episódio importante da história marítima britânica.

Para Bennett, o naufrágio do SS Nantes funciona como uma cápsula do tempo. Ao permanecerem preservados na lama do fundo do mar, os objetos encontrados oferecem pistas sobre a vida a bordo no final do século XIX. “É comovente pensar que talvez aquele prato tenha sido usado por algum tripulante na sua última refeição”, disse o professor à imprensa britânica.

Esses vestígios ajudam a compreender como eram as condições de trabalho, os hábitos e até mesmo a cultura material dos marinheiros da época. Um segundo prato com o mesmo logotipo foi encontrado meses depois, confirmando a identidade do navio e reforçando o valor documental dos achados.

O mar como território de descobertas

A motivação de mergulhadores como Dom Robinson vai além da curiosidade. Há um senso de missão em desenterrar histórias esquecidas, reconstituir trajetórias e, por vezes, dar algum fechamento às tragédias que ficaram sem explicação. “Não há mais montanhas a serem escaladas, nem continentes inexplorados. Mas o fundo do mar ainda guarda segredos”, afirmou ele.

A costa do Reino Unido, em especial, é um dos pontos mais ricos do mundo em termos de naufrágios. Estima-se que haja milhares de embarcações submersas ao redor das ilhas britânicas, algumas documentadas, outras ainda à espera de serem descobertas.

Esse tipo de exploração também serve de alerta para os desafios e perigos enfrentados no passado por quem vivia do mar. As condições precárias de segurança, a vulnerabilidade das embarcações diante de colisões e tempestades, e as limitações dos equipamentos de salvamento eram parte da rotina de quem cruzava os oceanos a trabalho.

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A identificação do SS Nantes mostra como a tecnologia atual, aliada à perseverança de exploradores civis, pode ajudar a preencher lacunas da história. A iniciativa de Robinson, divulgada em seu canal no YouTube, tem chamado atenção não apenas de pesquisadores, mas de um público mais amplo, interessado em conhecer episódios esquecidos que moldaram a relação da humanidade com o mar.

No fim das contas, o mar continua sendo uma das maiores fronteiras do desconhecido. E, entre destroços e silêncios submersos, há sempre histórias esperando para vir à tona.

Cássia

Desde pequena, sempre fui movida por duas paixões: as palavras e o desejo de conhecer o mundo. Me formei em Letras porque escrever sempre foi minha forma favorita de me expressar. Hoje, no Mundo Igual, tenho a sorte de unir isso ao que mais amo: contar histórias sobre viagens, culturas, notícias, dicas e experiências que nos transformam. Gosto do que é simples e verdadeiro. Prefiro uma caminhada no meio do mato a horas em frente à tela. A natureza me acalma, me inspira, e é dela que muitas das minhas ideias nascem. Não sou muito fã de tecnologia, mas acredito que, quando bem usada, ela pode aproximar pessoas e abrir caminhos. Escrevo como quem conversa. Compartilho lugares, curiosidades e tradições com o coração aberto, sempre tentando mostrar que o mundo é feito de encontros, diferenças e aprendizados. E se, de alguma forma, meus textos tocarem alguém ou despertarem a vontade de explorar algo novo, então já valeu a pena.

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