Curiosidades

Marie Curie: a primeira física a ganhar o Nobel e que, por isso, perdeu a vida

A cientista pioneira Marie Curie foi uma mulher apaixonada, que se dedicava com zelo e abnegação a tudo o que envolvia física e química. Em 10 de dezembro de 1903, ela se tornou a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Física pelo seu trabalho sobre a radioatividade.

No entanto, seus sucessos não pararam por aí. Em 1911, ela ganhou outro Prêmio Nobel, desta vez em Química, pela descoberta de dois novos elementos químicos, o polônio e o rádio.

Assim, ela conquistou algo que até então nem mesmo os homens haviam conseguido. Ela se tornou a primeira cientista a ganhar dois prêmios Nobel. Também foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira na Universidade de Sorbonne, em 1906.

Embora tenha contribuído significativamente para o entendimento da radioatividade e tenha fortalecido hospitais na França com equipamentos médicos inovadores durante a Primeira Guerra Mundial, um escândalo da época afetou negativamente sua imagem e a acompanhou até o fim de sua vida.

Os anos difíceis e os estudos de Curie

Marie Salomé Sklodowska, como é o verdadeiro nome de Curie, nasceu em 7 de novembro de 1867, em Varsóvia, na Polônia. Ela era a mais nova de cinco filhos e, desde jovem, mostrou seu talento para as ciências exatas. Quando tinha 11 anos, perdeu sua mãe devido à tuberculose.

Sob a supervisão de seu pai, que era professor, ela estudava física e matemática.

Ela terminou o ensino secundário com excelentes notas. No entanto, naquela época, não foi permitida a sua inscrição na Universidade de Varsóvia, pois esta aceitava apenas homens.

Marie não se deixou desanimar, pois estava determinada a encontrar uma solução. A cientista frequentava as aulas da “Universidade Flutuante” em Varsóvia, uma universidade clandestina que realizava palestras secretas.

Porém, a jovem ambiciosa não estava satisfeita, pois sonhava em estudar e obter um diploma de uma universidade no exterior.

Apesar de ser dedicada e muito inteligente, sua situação financeira dificultava a realização de seus sonhos. Mas ela nunca desistiu. Juntamente com sua irmã Brônia, fizeram um acordo.

Enquanto Brônia estudaria, Marie trabalharia arduamente para cobrir os custos dos estudos de sua irmã, e, mais tarde, Brônia faria o mesmo quando se formasse, para que Marie pudesse estudar.

Durante cinco anos, Curie trabalhou como professora e governanta, dedicando todo o seu tempo livre ao estudo das ciências exatas. Era uma mulher ambiciosa que faria de tudo para ter sucesso.

Leia mais: Frida Kahlo: por que ela virou um símbolo para todas as mulheres?

Pierre Curie e a colaboração entre os dois cientistas

Marie e Pierre Curie fizeram descobertas importantes juntos.

Em 1891, Marie imigrou para Paris para estudar na Sorbonne. Ela morava em um pequeno sótão com o pouco dinheiro que havia conseguido economizar.

Mais tarde, Brônia a incentivou a morar com ela, já que havia se casado com um médico e agora tinha uma vida mais confortável. No entanto, Marie recusou, pois queria se dedicar inteiramente aos seus estudos e não queria ser distraída por nada.

Somente quando sua saúde piorou devido à má alimentação, ela se mudou temporariamente para a casa de Brônia.

Em três anos, conseguiu obter um diploma em física e, no ano seguinte, se formou em matemática.

Ela decidiu então estudar as propriedades de certos metais. No entanto, para isso, precisava de um laboratório. Eventualmente, encontrou um e foi lá que conheceu o físico francês Pierre Curie. O encontro com ele foi decisivo.

Imediatamente, eles iniciaram um relacionamento amoroso e, em um ano, se casaram no civil. Desde então, Marie adotou o sobrenome de seu marido. Eles celebraram sua lua de mel viajando de bicicleta pela França. No entanto, o destino lhes reservava grandes acontecimentos.

Leia mais: O que aconteceria se você pudesse atravessar a Terra até o outro lado?

Becquerel, o polônio e a radioatividade

O físico Henri Becquerel, em 1896, observou que, no escuro, compostos de urânio emitiam raios. Curie decidiu investigar o fenômeno da radiação, que Becquerel havia descoberto.

Na sua dissertação, ela foi ajudada por Pierre, que abandonou sua própria pesquisa para auxiliá-la. Juntos, conseguiram dar um passo além na descoberta de Becquerel.

Marie supôs que os raios permaneciam constantes independentemente do estado ou forma do urânio. Ela imaginou que os raios eram resultado da estrutura atômica do elemento químico.

A ideia foi revolucionária no campo da física atômica, e foi nessa época que Curie começou a usar o termo “radioatividade” para descrever esse novo fenômeno.

Em 1898, junto com Pierre, ela isolou uma substância que emitia 300 vezes mais radiação do que o urânio. Em homenagem à sua cidade natal, decidiram chamar o novo elemento de polônio.

Poucos meses depois, descobriram outro elemento químico que tinha comportamento químico semelhante ao do bário e o chamaram de rádio.

Nos anos seguintes, o casal se dedicou completamente ao isolamento de uma quantidade significativa do novo elemento, capaz de provar à Academia Francesa sua existência.

Em 1902, eles anunciaram que haviam produzido um décimo de grama de rádio puro, provando sua existência como um elemento químico único.

Em 1903, Marie e Pierre compartilharam o Prêmio Nobel de Física com Becquerel pelo seu trabalho no estudo do fenômeno da radiação e da radioatividade.

De fato, os Curies foram os primeiros cientistas a se expor à radiação, sem saber dos efeitos nocivos do rádio no organismo humano.

Até hoje, qualquer pessoa que deseje ler os cadernos de anotações dos dois cientistas, que estão na Biblioteca Nacional de Paris, precisa assinar uma declaração de responsabilidade, pois os cadernos ainda emitem uma pequena quantidade de radiação!

A trágica morte de Pierre

Em 1906, Pierre Curie perdeu a vida de forma trágica. Após atravessar desatentamente uma rua de Paris, ele foi atropelado por uma carruagem puxada por cavalos e morreu instantaneamente.

Marie ficou viúva, mas encontrou consolo nas duas filhas que teve com Pierre. A grande cientista ficou profundamente abalada pela morte injusta de seu marido e se dedicou ainda mais ao trabalho científico que haviam iniciado juntos.

Em 1908, ela se tornou a primeira mulher a lecionar na Universidade de Sorbonne, e, três anos depois, ganhou o Prêmio Nobel de Química.

Ao receber o prêmio, não deixou de mencionar seu amado marido e o trabalho em equipe que fizeram para isolar os dois elementos.

Leia mais: Por que Michelangelo não queria ser chamado de pintor? A resposta vai surpreender você

O escândalo amoroso e a contribuição de Curie na Grande Guerra

O escândalo envolvendo Marie Curie foi apenas um pretexto para prejudicar a sua fama.

“Sinto a necessidade de lhe dizer o quanto admiro seu espírito, sua energia e sua honestidade. Considero-me afortunado por ter tido a oportunidade de conhecê-la pessoalmente em Bruxelas”, escreveu Albert Einstein para Marie Curie após um encontro com ela na Bélgica. Depois de sua segunda premiação com o Nobel, ela entrou em contato com cientistas importantes da época.

Ela participou do primeiro Congresso de Física Solvay e compartilhou seus conhecimentos com outros colegas. No entanto, nesse mesmo período, a fama de Curie foi manchada.

Em 1911, a imprensa francesa a acusou de um caso amoroso ilícito com um dos alunos de Pierre, Paul Langevin. Paul era casado e com filhos e foi forçado a se divorciar após a divulgação do relacionamento.

Marie ficou tanto tempo sem poder sair de sua casa sem ser seguida pela imprensa francesa e por cidadãos irritados que a acusavam pelo “ato imoral” que havia cometido.

Ela mesma afirmou, depois de seu relacionamento com Paul, que “não devemos temer a natureza humana, apenas tentar compreendê-la”. Na realidade, o caso extraconjugal foi apenas um pretexto. Naquela época, a xenofobia estava em alta na França e, como Curie era polonesa, ela se tornou um alvo fácil.

Em 1914, com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, Curie quis ajudar de todas as formas possíveis para limpar sua imagem. Com o dinheiro que havia ganho com o Nobel, ela forneceu ao exército francês 20 unidades móveis e 200 unidades fixas para radiografias.

Como Marie Curie morreu?

Uma das últimas realizações de Curie foi, em 1921, a criação da Fundação Curie, parte do Instituto de Rádio, responsável por aplicações terapêuticas e médicas. Infelizmente, em 4 de julho de 1934, ela faleceu de anemia aplástica.

Sua longa exposição à radiação custou-lhe a vida, pois ela sempre carregava frascos com rádio no bolso de seu jaleco médico.

Em 1995, seus restos mortais foram transferidos junto com os de Pierre para o “Panteão” de Paris. O Panteão é o último local de descanso de todos os grandes homens da França.

Sua contribuição para a física e a química foi tão importante que ela se tornou a primeira mulher a ser enterrada em um “cemitério masculino”.

Seu nome foi dado à unidade de medida da radioatividade (Ci) e ao elemento químico artificial com número atômico 96, o curio.

Sua memória ainda vive por meio de suas descobertas científicas e do encorajamento que deu às mulheres para seguirem carreiras na ciência.

Apesar das acusações injustas da imprensa, Marie Curie foi um exemplo de dedicação e coragem, e continua a ser uma das personalidades mais respeitadas e reconhecidas na história da ciência.

Equipe de redatores Mundo Igual

Somos uma equipe dedicada de redatores comprometidos em trazer informações confiáveis e atualizadas sobre o Brasil e do mundo. Com conteúdos que inspiram, informam e ajudam também no seu crescimento pessoal, exploramos temas como cultura, curiosidades, dicas práticas e notícias relevantes, autoajuda e outros relacionados. Nosso objetivo é conectar você ao conhecimento de forma clara e acessível, impactando e melhorando a sua vida e o seu dia a dia.

Artigos recentes

Omelete gigante de 4.500 ovos: veja a tradição de Páscoa que começou com Napoleão

No coração do sul da França, especificamente na pitoresca cidade de Haux, um dos costumes…

13 horas atrás

Por que os alemães acendem fogueira na Páscoa? Conheça o Osterfeuer!

À medida que as árvores e as plantas florescem e a Páscoa se aproxima, uma…

17 horas atrás

Mistério e tradição: o ritual milenar que coloca a Morte em cena na Catalunha

A “Procissão de Verges com a Dança da Morte”, conhecida como “O Dançar da Morte”,…

21 horas atrás

Suíça: o costume pascal da “Água Benta” que tende a desaparecer

Na Suíça, um país famoso por suas águas puras, montanhas e harmonia com a natureza,…

1 dia atrás

Jovens são pegos no Quênia roubando 5.000 formigas em tubo de ensaio

Dois adolescentes belgas foram acusados na terça-feira de pirataria de vida selvagem, após serem encontrados…

2 dias atrás

Corfu: veja como é essa Páscoa cheia de barulho e jarros quebrados

Na encantadora ilha de Corfu, no Mar Jônico, a Páscoa adquire uma dimensão única e…

2 dias atrás