De varredor de ruas ao Barcelona; a história de Suárez que é uma lição de vida

Luiz Suárez.

Nos dias de hoje, o futebol transformou-se no esporte mais popular do mundo. Os jogadores que competem no mais alto nível dos clubes ganham contratos exorbitantes, a ponto de um salário deles poder alimentar uma cidade inteira.

Por essa razão, os holofotes no mundo do futebol profissional são implacáveis. No centro de cada sucesso está o aplauso, o elogio, a apoteose, a publicidade, o dinheiro e os fãs que veem os jogadores como deuses. E, em tudo isso, o atleta corre o risco de esquecer algo essencial: quem ele é quando as luzes se apagam.

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A lição de vida que Suárez aprendeu com sua esposa

Luis Suárez e a esposa.
Luis Suárez e a esposa.

Luis Suárez, um dos melhores artilheiros de sua época, viveu essa verdade da forma mais simples, mas também mais chocante: dentro da sua própria casa.

“Depois de marcar quatro gols contra o Norwich, voltei para casa cheio de alegria, esperando que minha esposa me dissesse um “parabéns”, algo, uma palavra… Mas ela não disse nada.

No dia seguinte, olhou para mim e disse:

‘Você sabe por que não te dei os parabéns? Porque aqui dentro, na nossa casa, você não é a estrela, nem o jogador de quem todos falam… Você é meu marido, o pai da nossa filha. Você é o nosso homem. Como sempre’.

Naquele momento, percebi tudo. Ela tinha razão.

Quando você começa a receber elogios de todos os lados, existe sempre o perigo de acreditar neles. De se afastar um pouco da realidade. De seus pés saírem do chão.

Mas ter ao seu lado uma pessoa que te lembra quem você realmente é, que te mantém com os pés no chão… isso é inestimável.

Para o mundo, eu podia ser o Luis Suárez, mas em casa era o mesmo, sempre. Não era o artilheiro. Era o pai, o marido, o cara de Salto que lava a louça.

Minha esposa sempre me manteve no chão.

Você pode ter marcado 600 gols, mas se deixar sua roupa espalhada, ela vai brigar com você… E faz muito bem.

É isso que te mantém verdadeiro.”

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Quem é Luis Suárez

Em setembro de 2024, Luis Suárez aposentou-se da seleção do Uruguai. Jogou sua última partida pela “Celeste” em 6 de setembro de 2024, contra o Paraguai, nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Um dos maiores jogadores do país anunciou, com lágrimas nos olhos, sua saída da seleção nacional, emocionando a todos.

Aliás, Luis Suárez: ou se ama, ou se odeia. Em sua pátria, mas também nos times por onde passou, o primeiro certamente é verdade. Seus adversários, claro, têm uma opinião claramente diferente, principalmente sobre seu comportamento dentro de campo…

Claro que, em termos puramente futebolísticos, o jogador de 37 anos foi um dos melhores atacantes que passaram pelos gramados e, para muitos, o mais importante da “Celeste”.

Suárez deixa para trás uma carreira na seleção que durou 17 anos, com 69 gols e 142 jogos. Também uma mão na linha que depois garantiu a classificação para as quartas de final contra Gana na Copa do Mundo de 2010 e três… mordidas nas costas de defensores. Para ele, claro, seu melhor momento foi a conquista da Copa América em 2011.

Fora da seleção nacional, ninguém precisa de muitas lembranças sobre sua incrível trajetória, pois conquistou cinco títulos da LaLiga com Barcelona e Atlético, uma Liga dos Campeões e quatro Copas do Rei durante sua passagem pela Europa, que também incluiu passagens por Groningen e Ajax.

Mas Luis Suárez não teria conseguido nada disso se, em algum momento da juventude, não tivesse… se apaixonado.

Nascido em Salto, a segunda cidade mais populosa do Uruguai, onde apenas 21 dias depois nasceu seu companheiro de seleção, Edinson Cavani. Suárez, como muitos jogadores, principalmente da América Latina, cresceu em uma família numerosa e com pouco dinheiro.

Aliás, sua mãe, Sandra, declarou certa vez que nunca puderam comprar um par de chuteiras para ele. Desde cedo se viu que, para Suárez, o futebol não era diversão, mas questão de sobrevivência.

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Do escárnio aos salões da Liga dos Campeões e da seleção nacional

Aos sete anos de idade, mudou-se para a capital do Uruguai, Montevidéu, com os pais e seus seis irmãos, jogando futebol nas categorias de base do Urreta, antes de se transferir para o Nacional aos 14 anos.

No Nacional impressionou antes de fazer sua estreia no time principal em maio de 2005 contra o Junior de Barranquilla, da Colômbia, na Copa Libertadores. Mas as coisas não começaram bem para ele. Seu primeiro gol não saiu durante quatro meses e perdeu tantas oportunidades que os próprios torcedores costumavam vaiá-lo.

“O caráter do Luis foi muito importante durante todos aqueles meses sem marcar. Para o Nacional, Suárez era o melhor jogador das categorias de base do clube, mas tinha que conquistar um lugar no time principal, já que Bruno Fornaroli e Martín Cauteruccio eram os favoritos dos torcedores”, disse o então técnico do Nacional, Martín Lasarte.

“Um dia, depois do treino, dei uma caminhada com ele, disse que iria para o banco no jogo seguinte e me lembro que o Luis ficou muito bravo comigo. Ele não entendia que aquilo era o melhor para ele, mas, em vez de ficar triste ou furioso, fez um treino duplo sozinho.

Lembro de outro dia em que o Luis me disse que iria jogar no Barcelona no futuro e que não iria desistir até conseguir. Sabem, o Barcelona naqueles dias era como um sonho improvável, mas a história mostrou que ele conseguiu”, acrescentou.

Graças à crença de Lasarte nele e à força mental do próprio Suárez, o atacante persistiu e acabou marcando 10 gols em 27 jogos, ajudando o Nacional a conquistar o título uruguaio.

“Era como um jovem com uma mentalidade de leão. O Luis tem uma mentalidade vencedora tão forte que treinava para vencer em tudo o que jogava. Um dia chegou e disse: ‘Sei que estão todos à minha frente no time, mas vou vencer todos vocês’,” recorda seu ex-companheiro de Nacional e de seleção, Sebastián (Loco) Abreu.

“Ele usava as situações difíceis como motivação para o sucesso. Nada era impossível para ele, mesmo naqueles dias. Nunca se exibiu nos treinos, treinava arduamente muitas vezes em segredo, sem que soubéssemos, e se preparou para se tornar o melhor atacante de todos os tempos no Uruguai.”

Em 2006, Suárez pegou o avião para a Europa, pois o Groningen lhe daria a chance de jogar pela primeira vez no continente. Em uma temporada, conseguiu marcar 10 gols em 29 jogos, desempenho que lhe abriu as portas da “Celeste”, mas também do Ajax, que pagou cerca de 6 milhões de euros por sua contratação.

O resto é história: depois de 111 gols em 159 jogos pelo clube de Amsterdã, transferiu-se para o Liverpool por 22 milhões de euros em 2011, antes de ir para o Barcelona e, depois, para o Atlético.

Aliás, em Madri, vingou-se de Ronald Koeman, que o dispensou por telefone do time catalão, após levar os “rojiblancos” à conquista do campeonato.

Mas, como revela seu ex-companheiro no Groningen e compatriota, Bruno Silva, nada disso teria acontecido se Suárez não estivesse… apaixonado, pois a mudança para a Europa foi inicialmente um movimento que nasceu do amor, e não do desejo de dar um grande passo na carreira.

Suárez conheceu o amor de sua vida quando tinha apenas 15 anos e Sofía, 13. O jogador trabalhava como varredor de ruas em Montevidéu e, quando viu Sofía… ficou deslumbrado com sua beleza.

Passaram por momentos difíceis na relação, pois os pais de Sofía, que eram ricos, tiveram que se mudar para a Espanha por causa do novo emprego do pai.

Naquela época, Luis ainda jogava no Nacional, mas queria se mudar para a Europa para estar mais perto do amor da sua vida. O Groningen foi o time que lhe abriu as portas.

“A decisão dele de vir para a Europa sempre teve em mente estar perto de Sofía, que estava na Espanha. Ele estava determinado, jogava como um homem com fome de chegar rapidamente ao mais alto nível”, disse Diego Forlán, acrescentando:

“Na Copa do Mundo de 2010 e na Copa América de 2011, vimos uma versão extraordinária de Suárez. Em cada treino queria ganhar, ser o melhor.

Mas sempre que Luis tinha que enfrentar uma dificuldade, tinha Sofía para se apoiar, tinha essa motivação para nunca decepcionar sua família.

Todas as coisas que aconteceram com Luis, desde o episódio com Evra (foi suspenso por 8 jogos por um comentário racista), até a expulsão por morder ou mesmo suas lesões, ele teve Sofía ao seu lado, e esse é o seu apoio na vida.”

Finalmente, pode ter encerrado sua carreira na seleção do Uruguai, mas continua jogando em clubes, pelo Inter Miami. Aliás, seu contrato com o Inter Miami vai até dezembro de 2025, com possibilidade de extensão por mais um ano.

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