Imagine viver em um país com longos invernos, pouca luz solar e temperaturas abaixo de zero? Para muitos, isso seria um convite à tristeza. No entanto, a Dinamarca é um dos países mais felizes do mundo, e entre seus moradores, um homem se destaca: Meik Wiking, considerado pelo jornal britânico The Times como a pessoa mais feliz do planeta.
Mas por que ele é o homem mais feliz do mundo?
Wiking não é um desconhecido no campo da felicidade. Ele é CEO do Instituto de Pesquisa da Felicidade (Happiness Research Institute), com sede em Copenhague, e fundador do Museu da Felicidade. Seu trabalho é estudar o que torna as pessoas mais satisfeitas com a vida e transformar esses achados em ações práticas e acessíveis.
Um dos segredos do seu bem-estar, segundo ele, está no uso diário de duas expressões dinamarquesas: “hygge” e “pyt med det”. Simples à primeira vista, essas palavras carregam significados profundos e revelam uma filosofia de vida centrada no equilíbrio emocional, na aceitação e na valorização dos pequenos momentos.
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O que significa “hygge”?
“Hygge” (pronuncia-se “hu-gah”) é um conceito que não tem tradução exata em português. Ele está relacionado a conforto, aconchego, segurança e prazer nas coisas simples. Pode ser um jantar à luz de velas com amigos, uma xícara de chá quente em uma tarde chuvosa ou o silêncio gostoso de uma noite em casa com um bom livro. É uma forma de viver que prioriza o bem-estar cotidiano e a conexão com as pessoas e o ambiente ao redor.
O termo ganhou popularidade mundial há alguns anos, mas na Dinamarca faz parte da cultura há séculos. É um reflexo direto da maneira como os dinamarqueses lidam com os desafios da vida e com o clima adverso, buscando criar ambientes acolhedores e experiências gratificantes no dia a dia. De acordo com o World Happiness Report, a Dinamarca está constantemente entre os cinco países mais felizes do mundo, e o estilo de vida “hygge” é frequentemente citado como um dos fatores determinantes.
A força de dizer “pyt med det”
A segunda expressão usada por Meik Wiking é “pyt med det”, algo como “não importa” ou “deixa pra lá”. Longe de ser sinônimo de indiferença, ela representa uma forma consciente de lidar com frustrações inevitáveis. É uma ferramenta emocional que ajuda a aceitar o que não pode ser mudado, poupando energia mental para o que realmente importa.
Essa forma de pensar está presente nas escolas dinamarquesas, onde existe até mesmo o “botão pyt”, usado pelas crianças quando algo sai do controle. A ideia é ensiná-las a distinguir entre problemas que merecem atenção e situações que não precisam ser levadas tão a sério. Segundo estudos publicados pelo próprio Instituto de Pesquisa da Felicidade, a prática regular de aceitação está associada a níveis mais altos de satisfação com a vida.
O impacto das palavras no bem-estar

Diversas pesquisas mostram que a linguagem que usamos influencia diretamente nossos pensamentos e emoções. Em um estudo da Universidade de Stanford, pesquisadores descobriram que pessoas que usam mais palavras positivas no dia a dia tendem a apresentar menores níveis de estresse. Expressões como “tudo bem”, “vai passar” ou “está tudo certo” ajudam a treinar o cérebro para uma resposta mais equilibrada aos desafios.
Wiking, ao adotar conscientemente “hygge” e “pyt med det” como parte de sua rotina, está reforçando um ciclo de positividade e resiliência. Ele afirma que essas palavras o ajudam a manter o foco no presente, valorizar os momentos simples e reduzir o peso dos contratempos.
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Como aplicar esses conceitos no cotidiano?
Mesmo vivendo em contextos culturais diferentes, é possível trazer parte dessa filosofia para o dia a dia. Criar momentos de “hygge” pode ser tão simples quanto reservar 10 minutos do dia para um café tranquilo, reorganizar um ambiente da casa para torná-lo mais aconchegante ou desligar o celular para conversar com alguém querido. Já o uso de “pyt” pode ser praticado ao lidar com imprevistos no trânsito, erros pequenos no trabalho ou até conflitos familiares que não merecem desgaste emocional.
No Brasil, onde o cotidiano costuma ser agitado e as preocupações constantes, adotar uma mentalidade semelhante pode ser um caminho para melhorar a saúde mental. Segundo dados da OMS, o país lidera o ranking de ansiedade na América Latina, e práticas de desaceleração e aceitação têm ganhado espaço nas discussões sobre qualidade de vida.
Uma ponte com o propósito do Mundo Igual
A história de Meik Wiking e suas palavras-chave para a felicidade se conecta com o nosso propósito. Aqui buscamos aproximar pessoas de diferentes culturas e estimular reflexões sobre comportamento, bem-estar e conexão humana. A felicidade, nesse sentido, não é um estado constante, mas um exercício cotidiano de escolhas e atitudes. E muitas vezes, ela começa com a forma como nos referimos ao mundo e a nós mesmos.
Talvez a pergunta não seja “como ser mais feliz?”, mas sim “que palavras têm guiado meus dias?”. A resposta pode estar em algo tão simples quanto criar um ambiente mais acolhedor ou deixar pra lá aquilo que não se pode controlar.
Afinal, como ensina o homem mais feliz do mundo: conforto e aceitação podem ser aprendidos, praticados e ditos, todos os dias.