Isaac Newton é conhecido pelas leis da gravidade e pelas contribuições fundamentais à física e matemática. O que muita gente desconhece, no entanto, é que ele também dedicou décadas de sua vida ao estudo da teologia e da Bíblia. Entre essas pesquisas, surgiu uma previsão que hoje volta a chamar atenção: a data de 2060 como possível marco do fim do mundo.
Esse cálculo foi registrado em cartas escritas por Newton no início do século XVIII, mais precisamente em 1704. Os documentos ficaram guardados por séculos, sendo descobertos e revelados ao público somente muito tempo depois. Um dos manuscritos mais citados está hoje na Biblioteca Nacional de Israel e vem sendo analisado por estudiosos interessados tanto em ciência quanto em religião.
Leia mais: Qual foi o primeiro idioma do mundo? Veja qual ainda é falado hoje
Como Newton chegou a essa data?
Diferente da imagem pública de cientista puramente racional, Newton era profundamente interessado nos mistérios bíblicos. Ele acreditava que as Escrituras escondiam mensagens codificadas que poderiam ser reveladas com a ajuda de cálculos matemáticos. Um dos livros que mais despertava seu interesse era o de Daniel, conhecido pelas profecias enigmáticas e símbolos apocalípticos.
A principal base de seu raciocínio foi a passagem que fala em 1.260 dias de profecia. Newton interpretou esses dias como anos, como era comum entre intérpretes da Bíblia de sua época. Ele acreditava que o período começava com a criação do Sacro Império Romano, por volta do ano 800. Ao somar os 1.260 anos, ele chegava ao ano de 2060.
Mas o que ele quis dizer com “fim do mundo” não era uma destruição literal do planeta. Segundo suas palavras, o ano marcaria o fim de um ciclo histórico dominado por corrupção religiosa e moral. Seria, para ele, um momento de transformação profunda, tanto espiritual quanto social.
Leia mais: Qual será o país com mais visitantes no mundo em 2025? Veja o que fazer nele
O que outros pensadores disseram sobre o fim do mundo
Newton não foi o único a arriscar uma data para o fim dos tempos. Ao longo da história, diversas pessoas, grupos religiosos e até estudiosos propuseram seus próprios cálculos. No século XIX, por exemplo, o pastor americano William Miller previu que Jesus voltaria à Terra em 1844. Quando isso não aconteceu, o evento ficou conhecido como o “Grande Desapontamento”.
Mais recentemente, nomes como Harold Camping, radialista cristão dos Estados Unidos, ganharam manchetes ao afirmar que o fim viria em 2011. Quando a previsão falhou, ele alegou ter errado os cálculos e atualizou a data que, novamente, não se confirmou.
Essas previsões costumam se apoiar em interpretações religiosas, alinhadas a eventos contemporâneos como guerras, pandemias ou catástrofes naturais. Em alguns casos, ganham força em períodos de instabilidade social e econômica, quando as pessoas estão mais vulneráveis a discursos que prometem grandes mudanças.
Por que essas ideias continuam chamando atenção?

A ideia de um fim do mundo sempre exerceu um forte apelo sobre a imaginação humana. Em diferentes culturas e religiões, existem mitos sobre destruições, renascimentos e julgamentos finais. Para alguns, essas narrativas ajudam a dar sentido à existência, ao sofrimento e à ideia de justiça cósmica. Para outros, são formas de controlar o comportamento por meio do medo ou da esperança.
No caso de Newton, a curiosidade aumenta justamente porque ele foi um cientista de enorme prestígio. Quando se descobre que ele dedicou tempo e esforço a tentar prever um marco espiritual para a humanidade, muitos se surpreendem. Isso nos lembra que, mesmo os nomes mais influentes da ciência, tinham múltiplos interesses, e nem sempre alinhados com a razão pura.
Além disso, vivemos uma época em que as fronteiras entre ciência, crença e especulação estão cada vez mais tênues. Com as mudanças climáticas, tensões geopolíticas e avanços tecnológicos rápidos, não são poucos os que sentem que o mundo caminha para uma espécie de ponto de ruptura. Esse sentimento coletivo contribui para o ressurgimento de teorias sobre o “fim”.
Leia mais: Por que existe o Ano Bissexto? Veja quando será o próximo e se ele dá azar
O que realmente significa 2060?
Embora o ano tenha sido mencionado por Newton em seus escritos, ele próprio alertava contra interpretações sensacionalistas. Segundo estudiosos que analisaram suas cartas, ele não falava em um evento explosivo ou em destruição total, mas sim na queda de sistemas de poder considerados corrompidos e no início de uma nova fase para a humanidade.
Em outras palavras, ele enxergava a data como o fim de uma era, e não como o fim literal do planeta. É uma visão mais ligada a transformações morais e espirituais do que a uma catástrofe física.
Hoje, mesmo diante de uma realidade cada vez mais orientada por dados e tecnologia, há espaço para a espiritualidade, a simbologia e as perguntas sem resposta.
Pensar em 2060 como uma data de transformação, e não de destruição, pode ser uma forma de refletir sobre o que estamos fazendo com o nosso presente. Como sociedade, quais mudanças seriam desejáveis até lá? Que tipo de mundo queremos construir? O que queremos preservar e o que precisamos reformular?
Mais do que prever o fim, talvez o mais importante seja questionar o que pode, e deve, mudar antes que algo termine.
E aí, essa data do fim do mundo seria uma curiosidade ou um alerta? Newton pode ter feito um cálculo com base em textos antigos, mas o debate sobre o futuro da humanidade continua atual.