O Brasil é conhecido por sua diversidade cultural, hospitalidade e criatividade. Mas para quem vem de fora, certos hábitos cotidianos dos brasileiros podem causar surpresa e até estranheza. A naturalidade com que esses costumes são praticados por aqui contrasta com a reação de estrangeiros, que muitas vezes se perguntam: “Mas por que vocês fazem isso?”. Esses comportamentos estão enraizados na história, no clima e na forma como o brasileiro se relaciona com o outro e com o espaço ao redor.
Confira alguns dos costumes mais comuns no Brasil que, aos olhos do mundo, soam, no mínimo, curiosos, mas dizem muito sobre o jeito de ser brasileiro.
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Costumes brasileiros que surpreendem o mundo
1. Tomar vários banhos por dia
Enquanto em muitos países o banho diário é o suficiente (ou até considerado excesso em alguns lugares frios), no Brasil é comum que as pessoas tomem dois, três ou mais banhos por dia. A explicação está no clima tropical, na cultura da higiene e na sensação de frescor que o brasileiro preza. Não é raro ver alguém tomar um banho antes de sair de casa, outro ao voltar do trabalho e mais um antes de dormir.
Em um estudo publicado pela Euromonitor International, o Brasil figura entre os países com maior consumo de produtos de higiene pessoal do mundo — o que reflete esse comportamento enraizado.
2. O “jeitinho” como recurso social
O famoso “jeitinho brasileiro” não é só uma gíria: é uma prática social complexa. Consiste em encontrar soluções criativas (e às vezes informais) para resolver problemas, contornar regras ou facilitar situações. O jeitinho pode ser visto tanto como sinal de flexibilidade quanto como uma forma de driblar limites impostos.
Apesar de polêmico, o “jeitinho” é amplamente praticado e, em muitos casos, tolerado. Está presente em pequenas ações do dia a dia, como usar argumentos para evitar uma multa, até em negociações mais amplas com repartições públicas ou empresas.
3. Diminutivos que suavizam a conversa
“Você quer um cafezinho?”, “Pega uma aguinha para mim?”, “É só um minutinho”. Os diminutivos estão por toda parte na fala brasileira, e têm função muito além da gramatical. Eles são usados para tornar o discurso mais delicado, cortês ou acolhedor.
Em países de língua portuguesa, esse recurso não é incomum, mas o Brasil leva a prática a outro nível, usando diminutivos como ferramenta de sociabilidade. Mais do que uma questão linguística, é um reflexo da cordialidade e informalidade tão presentes nas relações sociais do país.
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4. Chinelos dentro de casa (e às vezes na rua)
Se para muitos estrangeiros a casa é território para andar descalço ou usar meias, no Brasil, o chinelo reina soberano. Usá-lo dentro de casa é quase uma regra, mesmo em dias frios, o que pode causar estranhamento para visitantes de países mais frios ou que associam o chinelo exclusivamente ao verão.
Além disso, o chinelo brasileiro (especialmente o modelo Havaianas) conquistou o mundo como item de moda e conforto, mas aqui ele continua sendo usado de forma prática, muitas vezes até em ocasiões que exigiriam calçados mais sociais em outros países.
5. Café o tempo todo

O café tem um papel social muito forte no Brasil. Ele não é apenas uma bebida estimulante, mas um símbolo de acolhimento. Visitar alguém e ser recebido com um cafezinho é quase obrigatório. Em escritórios, repartições públicas e até lojas, o café está sempre disponível, e é oferecido com um gesto que vai além da cortesia: ele estabelece conexão.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), o Brasil é o segundo maior consumidor mundial da bebida, perdendo apenas para os Estados Unidos. O hábito é tão natural que passa despercebido por muitos brasileiros, mas surpreende quem não está acostumado a beber café em tantos momentos do dia.
6. Buzinar como cumprimento
No trânsito de cidades brasileiras, buzinar pode ser um gesto de gentileza. Diferente de muitos países onde o uso da buzina é reservado para emergências ou alertas de risco, no Brasil é comum ouvir toques curtos para cumprimentar amigos, chamar atenção de conhecidos ou até agradecer.
Apesar de parecer inofensiva, essa prática gera confusão entre estrangeiros e, em algumas cidades, contribui para a poluição sonora. Ainda assim, é vista com naturalidade por muitos motoristas brasileiros, especialmente em cidades menores.
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7. Chegar atrasado é quase um hábito
Em compromissos sociais, como festas, encontros ou jantares, chegar na hora marcada pode ser interpretado como ansiedade ou falta de “jogo de cintura”. Muitos brasileiros consideram normal chegar com 15 a 30 minutos de atraso, ou até mais.
O famoso “já estou chegando”, que pode significar ainda estar saindo de casa, virou piada, mas é uma prática recorrente. Em contrapartida, em compromissos profissionais ou formais, a pontualidade costuma ser mais valorizada.
8. Comer arroz com feijão todos os dias
A dupla arroz e feijão está presente na mesa de milhões de brasileiros, independentemente da região ou da classe social. Essa combinação, além de tradicional, é altamente nutritiva, oferecendo proteínas, ferro e carboidratos em equilíbrio.
Em outros países, a repetição desse prato diariamente pode parecer monótona. Aqui, é base da alimentação e sinônimo de refeição completa, frequentemente acompanhada por carne, salada, ovo ou farofa.
9. Uso massivo do WhatsApp para tudo
O aplicativo de mensagens virou parte essencial do cotidiano no Brasil. Desde avisar que o entregador chegou até marcar consultas médicas, reuniões de trabalho ou festas de aniversário, tudo passa pelo WhatsApp.
O Brasil é um dos países que mais utiliza o app, e esse costume muitas vezes surpreende quem está acostumado a e-mails formais ou ligações telefônicas para resolver questões cotidianas.
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Muito além de manias
Esses hábitos, que parecem naturais para quem nasceu ou vive no Brasil, ajudam a compor a identidade de um povo que valoriza a convivência, a informalidade e a adaptação. Cada costume revela um pouco da história, do clima e das relações sociais que moldam o jeito brasileiro de viver.
Na verdade, o que é estranho para uns pode ser absolutamente normal para outros e essa é uma das belezas do mundo em que vivemos.