Imagine um livro escrito há quase dois mil anos que, de repente, reaparece nas listas de mais vendidos. Foi exatamente isso que aconteceu com “A Vida dos Doze Césares”, de Suetônio. Originalmente escrito no século II, esse livro, que conta a história dos primeiros imperadores romanos, voltou a chamar atenção e entrou na lista de bestsellers do Sunday Times na categoria de não ficção.
Mas por que um texto tão antigo ainda interessa às pessoas hoje? A resposta pode estar no seu conteúdo: histórias interessantes sobre o poder, as intrigas e os escândalos que marcaram o Império Romano.
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O que é “A Vida dos Doze Césares”?
Escrito pelo historiador romano Suetônio, “A Vida dos Doze Césares” é uma coleção de 12 biografias. Ele começa com Júlio César e segue até Domiciano, revelando detalhes tanto sobre os feitos políticos dos imperadores, quanto sobre suas vidas pessoais, muitas vezes cheias de escândalos e polêmicas.
Além disso, o que torna o livro especial é o seu estilo. Diferente de uma narrativa formal e política, Suetônio escreve de forma direta e cheia de curiosidades. Ele descreve hábitos estranhos, decisões questionáveis e até fofocas da época, tornando a leitura envolvente.
O interesse renovado por Roma
Nos últimos anos, houve um aumento do interesse pelo Império Romano. Um dos motivos foi um fenômeno curioso nas redes sociais: mulheres começaram a perguntar aos homens com que frequência eles pensavam sobre Roma. Para a surpresa de muitos, a resposta foi “o tempo todo”. Esse debate viral ajudou a reacender a curiosidade sobre a civilização romana.
Outro fator foi o trabalho do historiador Tom Holland, que recentemente traduziu “A Vida dos Doze Césares” para o inglês moderno. Sua versão trouxe um novo fôlego ao texto, tornando-o acessível a um público maior. Além disso, seu podcast, The Rest Is History, dedicou episódios ao livro, o que impulsionou ainda mais seu sucesso.
Por que Roma ainda é tão interessante até nos dias de hoje?
Roma é uma civilização que ainda influencia o mundo moderno. O sistema político dos Estados Unidos, por exemplo, foi inspirado na República Romana. O alfabeto que usamos vem do latim. Até as discussões sobre democracia e autoritarismo encontram paralelos na história romana.
Holland argumenta que, por conta dessa proximidade cultural, Roma parece mais familiar para as pessoas do que outras civilizações antigas, como a egípcia ou a assíria. Isso faz com que seu passado continue a nos intrigar.
Escândalos e poder
O que também ajuda na popularidade de “A Vida dos Doze Césares” é o fato de que as histórias contadas por Suetônio poderiam muito bem estar em jornais ou revistas de fofoca dos dias de hoje. Há traições, conspirações, festas extravagantes e governantes com comportamentos questionáveis. Essas narrativas mostram que, apesar de todas as mudanças tecnológicas e culturais, a natureza humana continua a mesma.
O editor Stuart Proffitt, da Penguin Press, sugeriu que, se listas de bestsellers existissem na Roma Antiga, o livro de Suetônio já teria sido um sucesso na época. Agora, dois mil anos depois, ele finalmente alcançou esse status.
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O desafio da tradução
Porém, trazer um texto tão antigo para os dias atuais não é simples. Holland comparou o processo de tradução a um casamento, pois exige dedicação e paciência. Além de converter as palavras do latim para o inglês moderno, era preciso manter a essência da escrita de Suetônio e garantir que sua forma de contar histórias fosse preservada.
O resultado mostra que um bom texto pode atravessar os séculos e continuar despertando curiosidade. O sucesso do livro prova que as histórias de poder e escândalo nunca perdem a relevância, e que, mesmo depois de dois mil anos, Roma ainda tem muito a nos ensinar.
