Besouro Hitler e Borboleta Mussolini, afinal, quem são eles?

Besouro Hitler e Borboleta Mussolini: a polêmica dos nomes na ciência

Besouro Hitler e borboleta Mussolini.
Veja a história do Besouro Hitler e da Borboleta Mussolini.

Parece piada, mas não é. Dois insetos, um besouro e uma borboleta, carregam os nomes de dois dos ditadores mais lembrados da História: Adolf Hitler e Benito Mussolini. E isso tem gerado um debate sério na comunidade científica.

Em tempos em que muitos países e instituições estão revendo símbolos do passado, a forma como algumas espécies animais foram nomeadas também entrou na discussão.

Será que faz sentido manter nomes que homenageiam figuras responsáveis por tanta dor e violência? Ou seria melhor deixá-los no passado, junto com o que representam?

Foi pensando nisso que o ornitólogo e taxonomista Marcos Raposo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), decidiu escrever um editorial para uma das mais respeitadas publicações científicas da área, o Zoological Journal of the Linnean Society.

No texto, ele critica a decisão de um órgão internacional que decidiu não mudar nomes científicos de espécies, mesmo quando eles fazem referência a figuras polêmicas.

Esse órgão é a Comissão Internacional da Nomenclatura Zoológica (ICZN). Ela é responsável por garantir que os nomes dos animais sejam únicos e estáveis, para facilitar a identificação de espécies em todo o mundo.

Em janeiro do ano passado, a ICZN declarou que manteria nomes antigos, mesmo que pudessem ofender certas pessoas ou grupos.

Para Raposo, essa decisão ignora um ponto importante: nomes têm poder. Quando damos a uma espécie o nome de alguém, estamos perpetuando sua memória.

Se esse alguém foi responsável por guerras, perseguições ou massacres, isso pode causar dor em quem viveu ou herdou essas histórias.

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O caso do besouro Hitler

Besouro Hitler.
Besouro Hitler.

O exemplo mais conhecido dessa polêmica é o do Anophthalmus hitleri, um pequeno besouro que vive em cavernas da Eslovênia.

Ele foi batizado em 1937 pelo entomologista alemão Oskar Scheibel, um declarado admirador de Hitler. Desde então, o nome ficou, mesmo com as consequências trágicas que o regime nazista causou à humanidade.

Hoje, o besouro virou até item de colecionador entre neonazistas, o que só aumenta a controvérsia.

E a borboleta Mussolini?

Outro caso parecido é o da Hypopta mussolinii, uma borboleta encontrada na Líbia em 1927. O nome é uma homenagem ao ditador italiano Benito Mussolini, que governou com mão de ferro e foi responsável por inúmeras mortes durante seu regime fascista.

Mas não para por aí. Existe também o coral Catalaphyllia jardinei, que recebeu o nome de Frank Jardine, um explorador ligado a ações violentas contra povos indígenas na Austrália.

Para Raposo, esses exemplos mostram como a ciência nem sempre está separada da política ou da cultura.

Ao contrário, ela faz parte de um mundo cheio de histórias e cicatrizes. E nomes como esses reforçam um passado que muitos tentam superar.

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E onde entra a ética nisso tudo?

Segundo o código de conduta da taxonomia, a área da biologia que estuda e classifica os seres vivos, os cientistas devem evitar nomes que possam causar ofensa.

Mesmo assim, a ICZN preferiu manter as regras antigas, alegando que mudar nomes criaria confusão e instabilidade.

Mas será mesmo? Raposo e outros pesquisadores acreditam que isso é mais uma escolha por tradição do que por necessidade.

Eles defendem que a ciência pode, sim, se adaptar quando a ética e o respeito às vítimas do passado entram em jogo.

E o tal do “inseto de Hitler” na Índia?

Como se não bastasse, existe ainda um percevejo fedorento, comum em plantações da Índia, que foi apelidado de Hitler Bug (ou “inseto de Hitler”).

O nome surgiu por causa das manchas pretas nas costas, que lembram o rosto do ditador quando o inseto é visto de cabeça para baixo.

Apesar de não ter um nome científico diretamente ligado a Hitler, o apelido pegou, e também gera desconforto.

Esses casos mostram como algo aparentemente simples, como o nome de um inseto, pode abrir uma conversa muito maior.

O Mundo Igual busca exatamente isso: refletir sobre como passado e presente se cruzam nas coisas mais inesperadas, até mesmo no nome de um besouro.

E você, o que acha? Nomes assim deveriam ser mantidos por tradição ou mudados por respeito à história?

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