A maior cápsula do tempo do mundo será aberta após 50 anos enterrada

Maior cápsula do tempo será aberta.
Maior cápsula do tempo será aberta.

Em 5 de julho de 2025, o mundo conhecerá o conteúdo da maior cápsula do tempo já construída, selada desde 1975 na pequena cidade de Seward, no estado de Nebraska, Estados Unidos. Enterrada há cinco décadas no quintal de uma loja de móveis, essa cápsula guarda mais do que objetos: ela representa a tentativa de um homem comum de deixar um retrato do seu tempo para as gerações futuras.

A maior cápsula do tempo do mundo

A história começa com Harold Keith Davisson, então dono de uma loja local de eletrodomésticos e móveis. Em vez de esperar que alguma instituição criasse algo grandioso, ele decidiu agir por conta própria. Sua motivação era simples e pessoal: queria que seus netos soubessem como era o mundo em que ele viveu. Para isso, construiu um cofre de concreto de 45 toneladas, selado com uma camada de terra, que se tornaria, segundo o Guinness Book de 1977, a maior cápsula do tempo do mundo.

Diferente de outras cápsulas do tempo, muitas feitas por universidades ou museus, a de Harold foi um projeto independente e até excêntrico. Além de buscar um recorde, ele quis preencher o espaço com uma amostra ampla do cotidiano dos anos 1970. Entre os cerca de 5 mil itens inseridos no cofre, estão objetos como uma calcinha de biquíni, um terno azul-marinho com flores bordadas e um carro novinho na época, um Chevy Vega, então considerado o mais barato do mercado americano. Também há listas telefônicas, cartas e outros objetos enviados por moradores da cidade.

Anos mais tarde, diante de uma contestação da Universidade Oglethorpe, que alegava ter a verdadeira maior cápsula do tempo (uma sala selada desde 1940 chamada “Cripta da Civilização”), Harold construiu uma segunda cápsula. Esta foi erguida sobre a primeira, coberta por uma pirâmide de concreto moldado. A estrutura visível até hoje em frente ao antigo comércio da família Davisson selou de vez a discussão: a pirâmide, com sua aparência imponente, virou símbolo local e ajudou a consolidar o título de maior cápsula do tempo enterrada do mundo.

Atualmente, quem cuida do local é Trish Johnson, filha de Harold. Autointitulada “Guardiã da Cripta”, ela se encarregou de manter a memória do pai viva e garantiu a integridade do local ao longo das décadas. Em entrevista ao site Roadside America, Trish relembrou detalhes sobre a criação da cápsula e comentou que há até um carro japonês desgastado, provavelmente um Datsun ou Toyota de 1975, na segunda cápsula.

A abertura da cápsula virou evento em Seward, uma cidade de pouco mais de 7 mil habitantes. A data escolhida para a abertura, 5 de julho, coincide com as festividades da independência americana, e a expectativa é que moradores e curiosos se reúnam para testemunhar a revelação de um acervo que ficou intocado por meio século.

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A importância da maior cápsula do tempo do mundo

Maior cápsula do tempo será aberta.
A maior cápsula do tempo. Foto: Isommerer via Flickr.

Apesar da simplicidade dos objetos guardados, o valor histórico e simbólico é significativo. A cápsula do tempo de Harold Davisson se tornou, com o tempo, mais do que uma curiosidade local: é um retrato do estilo de vida, da cultura popular e das prioridades da classe média americana dos anos 1970. Em uma era pré-internet, sem redes sociais ou acesso fácil à informação, cada item revela hábitos, costumes e até aspirações de um tempo que já parece distante, mas que ainda está vivo na memória de muitos.

O conceito de cápsula do tempo não é novo. Existem registros históricos de práticas semelhantes desde a Antiguidade, mas sua popularização ocorreu no século XX, principalmente após o evento da Feira Mundial de Nova York em 1939, onde foi criada uma cápsula a ser aberta no ano 6939. Desde então, diversas instituições, escolas, governos e até empresas passaram a adotar a ideia de preservar objetos e mensagens para o futuro.

Um dos casos mais conhecidos é justamente a “Cripta da Civilização” da Oglethorpe University, mencionada na disputa com Harold. Selada em 1940, ela contém livros, filmes, gravações e até um abridor de latas, com abertura prevista apenas para o ano 8113. Já em escala global, a cápsula do tempo enviada a bordo das sondas Voyager da NASA, em 1977, carrega sons e imagens da Terra com destino ao espaço interestelar, como tentativa de contato com possíveis civilizações extraterrestres.

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Por que essa cápsula é tão especial?

A cápsula de Seward, no entanto, chama atenção por ser um projeto pessoal e, ao mesmo tempo, ambicioso. Ela não foi criada para registros científicos ou mensagens à humanidade, mas para mostrar o cotidiano, a moda, o consumo e as escolhas de uma pessoa comum em seu tempo. Essa abordagem aproxima o projeto de qualquer cidadão: é o olhar de dentro para fora, de alguém que quis preservar uma memória coletiva através de sua própria experiência.

O site do Guinness World Records já não mantém mais a categoria de “maior cápsula do tempo”, o que ajudou a encerrar oficialmente a disputa entre Seward e Atlanta. Ainda assim, a estrutura criada por Harold permanece como um marco na cidade e como um símbolo de preservação histórica informal. Não por acaso, o local atrai turistas e entusiastas de todo o país, especialmente agora, às vésperas da abertura oficial.

Com a aproximação da data, a expectativa aumenta: o que exatamente será encontrado dentro da cápsula? Como os itens resistiram ao tempo? E o que essas escolhas de 1975 podem nos dizer sobre quem éramos, ou ainda somos? As respostas começam a surgir em breve, e talvez nos ajudem a entender melhor como o passado continua transformando o presente.

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